EFEITOS NO ORGANISMO

A absorção da nicotina pelo pulmão é rápida, quase como se fosse administrada na veia, chegando ao cérebro em 8 segundos após a inalacão.

A probabilidade de apresentar-se qualquer doença ligada ao cigarro aumenta com o número de cigarros fumados por dia ou maços por ano. A diferença de efeitos produzidos entre fumantes de cigarro, cachimbo, charutos está provavelmente relacionada ao hábito de tragar, que é menor no cachimbo e charuto; entretanto, nestes últimos é maior o índice de absorção pela mucosa bucal e nasofaríngea, havendo aumento de doenças provenientes nestas áreas.

A. SISTEMA NERVOSO CENTRAL

Os fumantes relatam que o cigarro os desperta quando estão sonolentos e os acalma quando estão tensos, o que é confirmado pelo registros do eletroencefalograma.

A nicotina estimula o SNC. Doses apropriadas causam tremores; entretanto, doses elevadas podem levar a convulsões. A forte estimulação do SNC é seguida de depressão respiratória e, em alguns casos, da morte.

A nicotina induz ao vômito por ação central e periférica. A origem central da resposta do vômito é a estimulação do centro do gatilho do vômito.

B- APARELHO CARDIOVASCULAR

A ação deste sistema é exercida especialmente pela nicotina e o monóxido de carbono. A primeira possui efeito constritor em alguns vasos, quando estimula a liberação de substâncias chamadas catecolaminas, que, por sua vez, aumentam a freqüência cardíaca e a pressão arterial. Já o monóxido de carbono forma a carboxihemoglobina, resultando em deficiência na oxigenação dos tecidos. Em média os fumantes têm cerca de l0% de sua hemoglobina inutilizada, sendo que esta percentagem aumenta para 30% em casos de fumantes que consomem mais de um maço de cigarro por dia. Vale ainda mencionar que o nível de 60% de hemoglobina inutilizada é letal.

A vida média da carboxihemoglobina é de 4 horas. Caso o indivíduo deixe de fumar por 24 horas, o nível de carboxihemoglobina aproximar-se-á de zero. Assim, 24 horas sem fumar correspondem a uma transfusão de cerca de um litro de sangue.

A aceleração do ritmo cardíaco, a elevação da pressào arterial, e a hipóxia continuada obrigam o coração do fumante a exercer maior trabalho, em piores condições. O fumo também aumenta o colesterol total, contribuindo para o desenvolvimento da arterosclerose. Nos EUA o cigarro é a principal causa de doenças coronarianas. Aproximadamente 20% das 500.000 mortes por doenças do coração ocorridas a cada ano são atribuídas ao cigarro. O cigarro ainda é uma importante causa de doenças vasculocerebrais, respondendo por cerca de l8% das l50.000 mortes por derrames cerebrais a cada ano.

C. APARELHO RESPIRATÓRIO

O fumo atua negativamente sobre as 2 funções do pulmão: ventilação pulmonar e troca alvéolo-capilar.

A fumaça do cigarro causa broncoconstrição e esse efeito dura em média uma hora; em asmáticos, tal efeito é ainda maior. Além disso, a irritação da mucosa estimula a produção de muco; o fumo também imobiliza os cílios, diminuindo a sua função defensora, uma vez que há a intoxicação por meio de substânias como a acroleína. Estes efeitos aumentam o risco de infecção – o que explica a grande incidência de casos de bronquite em fumantes. Finalmente, o fumo predispõe à enfisema pulmonar, o que é irreversível.

No Brasil estima-se que 125.000 pessoas morram por ano devido ao fumo. No mundo inteiro, esta estimativa aumenta para 3,5 milhões de pessoas – oito vezes mais que as mortes causadas pelo álcool.

O tabagismo é o fator isolado mais importante para a originação do câncer de pulmão (90% do casos).

As substâncias contidas e liberadas pela queima do cigarro, provocam inflamação continuada da parede brônquica, perda dos cílios, hipertrofia das glândulas, fibrose e estreitamento da luz dos brônquios. Estes processos caracterizam a bronquite crônica. A dilatação dos alvéolos, acompanhada da ruptura dos septos, proporciona a instalação do enfisema pulmonar, bem como dificuldade de expiração do ar, o que virá a acarretar, por sua vez, doença pulmonar obstrutiva, entre outros efeitos.

O fumo contém dezenas de elementos cancerígenos, como os benzopirenos do alcatrão, destruindo as células protetoras contra o câncer. O fumo também contém elementos radioativos que se concentram na bifurcação dos brônquios. Quem fuma 30 cigarros por dia, por exemplo, recebe uma irradiação equivalente a 8.000 REM/ano, ou o equivalente a 300 radiografias. Também há a predisposição à tuberculose e outras infecções pulmonares.

D. GRAVIDEZ

Muitas alterações podem ser observadas durante a gestação em que ocorre o uso de tabaco. As substâncias tóxicas passam para a circulação da mãe e, por meio da placenta, atingem o feto, causando:

Aumento da viscosidade sanguínea;

Vasoconstrição;

Anoxia quase que continuada;

 

Aumento da freqüência cardíaca;

 

Dificuldade de movimentos respiratórios;

 

"Morte súbita de berço";

 

Aborto expontâneo e mortalidade perinatal;

 

Diminuição do crescimento fetal;

 

Má formação congênita;

 

Dificuldade no aprendizado de leitura, matemática e habilidades em geral desde a infância até a adolescência;

 

Perturbações neurológicas e psicológicas.

E. NA LACTAÇÃO

Cada cigarro contem 0,5 mg. a 1 mg. de nicotina. Dez cigarros por dia representam dose tóxica de nicotina para os recém nascidos.

A nicotina está contida no leite das fumantes, podendo causar taquicardia no bebê, de acordo com a dose experimentada pelas mães.

F. OUTRAS ALTERAÇÕES

Disposição ao câncer de: laringe (há a probabilidade deste tipo de câncer manifestar-se sete vezes mais que o comum), cavidade oral, esôfago; bem como para o câncer de: bexiga , rim e pâncreas;

Disposição à gastrite aguda e a úlceras pépticas;

 

Aumento considerável do risco de cardiopatias, quando associadas ao uso de anticoncepcionais;

 

Irregularidade no ciclo menstrual; 

  

Redução da expectativa de vida para os fumantes: entre 35 e 65 anos morrem 40% dos fumantes, contra 15% de não fumantes.

G. RISCOS DO FUMANTE PASSIVO

Estudos descrevem a maior incidência de casos de doenças respiratórias e anormalidade na função pulmonar em crianças menores de dois anos cujas mães são fumantes. Além disso, fortes indícios sugerem que mulheres não fumantes, casadas, por sua vez, com fumantes, têm cerca de 30% de chance a mais de desenvolver câncer de pulmão. Pessoas expostas à fumaça do cigarro, são consideradas, portanto, fumantes passivos (não importando se a exposição se dá em ambientes fechados ou abertos), as quais sofrem efeitos imediatos como: irritação nos olhos, nariz e garganta; e, a longo prazo, doenças comuns aos fumantes.

A absorção passiva de 90% dos constituintes do cigarro, incluindo substâncias gasosas e partículas sólidas, em decorrência do ar enfumaçado, comprova-se em exames de urina – na qual verifica-se a presença de nicotina em doses elevadas. Este quadro torna-se ainda mais drástico se considerarmos que bebês e crianças também sofrem da exposição à fumaça do cigarro.

H. RISCOS E PERDAS AMBIENTAIS

O cigarro aumenta a probabilidade de haver incêndios, tanto domésticos quanto de trabalho, além de devastar inúmeras áreas próximas a rodovias, sacrificando grande número de espécies vegetais e animais, bem como prejudicando o solo e o ar atmosférico. Em muitos ambientes de trabalho, a exemplo, os danos por queima têm aumentado: faz-se necessária, assim, a substituição de mobiliários , carpetes , cortinas , como de filtros do sistema de ventilação.